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ESPARTA

segunda-feira, 18 de junho de 2012


Abelardo (c.1079-1142) foi a primeira figura do intelectual moderno e também foi
um renomado professor de lógica e teologia. Sua reputação não era restrita somente a
Paris, mas foi nessa cidade que fez sua fama e também sua desgraça, como ele argumentou
na autobiografia, ao narrar os eventos que sucederam ao seu envolvimento com Heloísa
(c.1001-1163), sobrinha do cônego Fulbert, cuja beleza e a formação cultural tornavam-na
uma mulher excepcional.
A relação entre os dois se faz por meio de controvérsias em torno da situação do
filósofo e do tonsurado, cuja condição matrimonial era mal quista para o desenvolvimento
dessas funções. Então qual a conexão entre esse sacramento e a situação de mestre de
Abelardo e mais, qual a correlação entre esse casamento e o relacionamento pessoal do
casal?
Como não poderia deixar de ser, Heloísa e Abelardo também sofreram as
consequências dessa moralidade ideal. Desejo ou amor. . Vida conjugal ou
vida religiosa. Quase um ser ou não ser da consciência da época medieval. Ou melhor, não
havia a escolha do não ser. Ou se renunciava aos prazeres do século ou se destinava à
danação eterna. Pelo menos para Abelardo. Este protagonizava de forma vívida a
articulação moral travada entre o carnal e o espiritual. Professando a filosofia e a teologia,
conviveu com os perigos mundanos que a cidade oferecia. Resistiu, mas não por muito
tempo. Deparou-se com Heloísa. Nobre, bela, jovem e letrada. Quantos atrativos
convidativos para a prática do “mal”. A partir daí, não foi a razão que os governou, mas a
paixão, o desejo, a carne. Até que Abelardo sofresse na pele as consequências dos seus atos
e a partir daí sua história com Heloísa tomasse outro rumo, 

A transferência da corte portuguesa para o Brasil


VINDA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL
No início do século XIX Napoleão Bonaparte era imperador da França, após a fase revolucionária que depôs e levou para guilhotina Robespierre. Napoleão proibiu todos os países europeus de comercializar com os ingleses. Foi o chamado Bloqueio Continental.  Portugal era governado pelo príncipe  Dom João e comol era  aliado da Inglaterra, Dom João ficou numa situação  difícil: se fizesse o que Napoleão queria, os ingleses invadiriam o Brasil, pois estavam muito interessados no comércio brasileiro; se não o fizesse, os franceses invadiriam Portugal.
A solução que Dom João encontrou, com a ajuda dos aliados ingleses, foi transferir a corte portuguesa para o Brasil. Em novembro de 1807, Dom João  e sua corte partiram para o Brasil sob a escolta da esquadra inglesa. 15 mil pessoas vieram para o Brasil em quatorze navios .  Ainda em Salvador Dom João abriu assinou os tratados que implantavam as bases do liberalismo econômicos: a abertura dos portos do Brasil aos países “amigos”, permitindo que navios estrangeiros comerciassem  nos portos brasileiros. Essa medida favoreceu principalmente a Inglaterra.
 Várias transformações marcaram o cenário político-social da colônia entre elas o Decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas, crescimento populacional devido ao grande número de nobres e funcionários da corte portuguesa e a criação do Banco do Brasil .

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Felipe Patroni e imprensa Liberal no Pará

A história da imprensa na Cabanagem ,embora a primeira circulação de um jornal impresso no Brasil tenha ocorrido em 1808, no Pará o primeiro periódico só ocorre em 1821.
O contexto era o Vintismo no Grão Pará, ou seja, a expansão das idéias liberais na província do Pará que foi reflexo da Revolução do Porto, em Portugal, que exigia o retorno da Corte, que se encontrava no Rio de Janeiro desde 1808. O Movimento em Portugal tinha a finalidade de regenerar a pátria portuguesa que se encontrava fortemente influenciada pela Constituição Espanhola; estabelecer uma Monarquia constitucional, aos moldes do liberalismo; e restaurar, por conta dos interesses da burguesia comercial metropolitana, a exclusividade comercial com o Brasil, que em 1815 havia sido elevado à comercial metropolitana, a exclusividade comercial com o Brasil, que em 1815 havia sido elevado à comercial metropolitana, a exclusividade comercial com o Brasil, que em 1815 havia sido elevado à condição de Reino Unido.
“O comércio entre o Pará e Portugal havia progredido, subindo sempre nos últimos decênios do século passado e nos primeiros deste; mas, depois que o Rei de Portugal se instalou no Rio de Janeiro e prometeu liberdade dos portos, passou grande parte desse comércio para Inglaterra, o que ficou provado pela grande afluência de navios ingleses no porto brasileiro”. (Vicente Salles – Memorial da Cabanagem, 1992).
A partir disso, em janeiro de 1821, surge aos moldes do “Correio Braziliense”, a “Gazeta do Pará” que era organizada e publicada em Lisboa. Este jornal valorizava as notícias da corte portuguesa e, não apresentava características de periódico por se configurar enquanto documento impresso que visava divulgar os eventos relativo à proclamação da ordem constitucional metropolitana na então Capitania do Pará (...), a “Gazeta do Pará” era o instrumento de Felipe Patroni de tornar público a importância de uma constituição para o Estado e seus cidadãos.
“Severa crítica à administração dos negócios públicos, esforçando – se por desenvolver certas políticas entre seus contemporâneos, opiniões por certo favoráveis ao regime livre dos povos, mas de alguma forma ameaçadoras do sistema até então seguido pelos agentes do poder”. (Vicente Salles – Memorial da Cabanagem, 1992).
Um ano depois é criado o jornal “O Paraense” que tem sua primeira edição publicada em 22 de maio de 1822. Ele foi impresso numa máquina trazida da Europa por Felipe Patroni, Daniel Garção de Melo entre outros sócios. A linha editorial de “O Paraense” foi marcada pela luta em prol da liberdade (incluindo a liberdade de imprensa) e Independência do Brasil, sendo esta última fortemente evidenciada no período em que assume a direção do jornal o Cônego Batista Campos. Com a adesão da então Província do Pará à Independência do Brasil, em 1823, o jornal deixa de existir.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vídeo sobre a educação jesuitica e a reforma pombalina

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A EFEBIA ATENIENSE
O termo efebia vem de éfêbos, "jovem", "efebo". A instituição é introduzida em Atenas no último terço do século IV a.C. após a derrota de Queronéia. A efebia de Atenas começa a funcionar regularmente a partir de 334-333 a.C. e é detalhadamente analisada por Aristóteles na sua "Constituição de Atenas".
A efebia ática se assemelha ao nosso serviço militar obrigatório. Os demos (= distritos) fazem as listas dos jovens cidadãos que chegam aos 16 anos, que são alistados e cumprem dois anos de serviço: o primeiro nas casernas do Pireu, onde recebem educação física e militar; o segundo é empregado em manobras de campanha, guarda nos postos de fronteira e funções de milícia. Sustentados pelo Estado - recebem 4 óbolos por dia - os efebos usam roupa característica: oo pétaso - um chapéu de abas largas - e um manto negro. Aos 18 anos o jovem ateniense atinge a maioridade civil.

Mas a efebia ateniense não é apenas uma instrução militar: é uma iniciação cívica, moral e religiosa aos deveres e direitos do cidadão. É toda ela marcada pela ideologia da pólis. O curioso é que Atenas reage à sua desintegração quando não há mais conserto: a partir de 300 a.C. mais ou menos, a efebia perde o seu sentido militar, transformando-se em uma agremiação escolar onde se ensina a literatura e a filosofia. Observa H.-I. Marrou: "Ela não desaparecerá, mas, por uma evolução paradoxal, esta instituição, concebida para ser posta a serviço do exército e da democracia, transformou-se, nessa Atenas nova onde triunfa a aristocracia, num pacífico colégio em que uma minoria de jovens ricos vem iniciar-se nos refinamentos da vida elegante".

Entretanto, na época helenística pode-se ver a efebia espalhada em mais de uma centena de cidades. E aí também, como em Atenas, a efebia é mais aristocrática do que cívica, mais esportiva do que militar. O que os gregos das colônias querem é que seus filhos sejam iniciados na vida grega e no gosto pelos exercícios atléticos, fator cultural que imediatamente diferencia um grego de um bárbaro.
A palavra efebo (ephebo)na lingua grega era associada ao jovem adolescente entre 18 e 20 anos, período em que prestava serviço militar nas polis como Atenas. A ephebia em Atenas consistia em várias etapas onde o jovem deveria passar para aprender os valores daquela sociedade e o que ela cultivava como virtudes. E quais eram os valores ensinados aos jovens naquela etapa da vida? Dependendo da época em que nos referirmos estaremos tomando um modelo diferente. Assim no período clássico, por volta do séc. V a. C a democracia havia sido instituída a partir das reformas de Psistrato e de Clístenes. Como em outras cidades gregas apreparação militar era importante mas se combater em defesa da polis continuou a ser o principal meio de alcancar a gloria, mas nao era, como
se tornou em Esparta, uma preocupacao obsessiva.  Escreve Tucidides (1. 6) que nos primeiros tempos, por  nao existirem casas protegidas e comunicacoes seguras, os Gregos tinham o habito de andarem armados e que Atenas foi a primeira cidade a abandona-las (1. 6. 3):

Os Atenienses foram os primeiros entre eles a abandonarem
as armas de ferro e, sem constrangimento, entregaram-se
a uma vida mais civilizada.
Nas provas atleticas encontravam os Gregos, sobretudo os da classe nobre, um campo para mostrar
a sua superioridade e excelencia. Eram famosos os Jogos Olimpicos, e era uma gloria ser proclamado vencedor numa das suas provas. Outro aspecto importante da formação do jovem era aprender a declamar, a se apresentar em público e saber fazer discursos eloquentes e assim ao contrário de Esparta os jovens deveriam aprender oratória. Em um texto de Platao, alem de chamar a atencao
para o equilibrio que deve existir entre a preparacao fisica e a formacao espiritual — ha uma mutua influencia — vinca o valor formativo da poesia e da musica. Os Gregos davam grande importancia ao ensino destas duas artes que entao nao estavam tao separadas , os jovens aprendiam a cantar e a recitar as obras dos grandes autores, algumas delas de cor.
Paralelamente a essa formacao basica , a grande escola era o convivio social que tem significativa importancia educativa em Atenas,  o convivio na Agora, nos banquetes, nos ginasios.
Os vasos gregos servem como material de pesquisa para entendermos aspectos relevantes da cultura grega. No vaso acima aparece uma cena de aula musical e no vaso à esquerda aparecem representações de uma festa em homenagem a Hércules no Olimpo. Provavelmente a cena foi inspirada nas festas que aconteciam no calendário grego.
Durante o governo dos Pisistratidas, das mudanças que introduziram a democracia em Atenas, acontecia provavelmente uma instrução intelectual nos ginásios de Atenas. Essa educação deste jovem deveria ser conformada com as preocupações da elite no tempo da tirania.. A taça configura oposições que simbolizam a função do masculino e quais as suas obrigações sociais na Atenas desse tempo esteja relacionada ao desenvolvimento musical das festividades e da relização do kómos dionisíaco( procissão ao Deus dionísio). Os jovens atenienses deveriam aprender uma poesia e uma performance nos festejos que os proporcionariam desenvolver atributos
ideais o bom senso, a lealdade , o charme, a atração e a sedução. Essa educação estabelecida para os jovens faz parte da política da tirania em Atenas. O ideal da educação helenística era a formação do homem total, visando o equilíbrio e a harmonia completa «do corpo e da alma, do carácter e do espírito, da sensibilidade e da razão»

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A expulsão dos jesuítas do Brasil

A expulsão dos jesuítas do Brasil - Cristine Delphino


Durante o século XVIII o Brasil foi o cenário de uma luta entre duas grandes forças: a igreja e o governo. Os jesuítas chegaram ao país em 1549, mais precisamente em Salvador (cidade fundada com ajuda deles), na Bahia, através da expedição de Tomé de Souza. Além de catequizar os índios, os jesuítas construíram colégios que iam do Ceará a Santa Catarina e foram muitos que deram o seu sangue pelos colégios, por Portugal e pelos indígenas. Com o decorrer do tempo a influência dos jesuítas ia crescendo e eles passaram a ter uma certa independência em relação ao Estado e até da própria igreja.

Somando com isso, é importante também entender que com a entrada do século XVIII, a Europa passou a contar com uma teoria política que vai contra o iluminismo, conhecida como Absolutismo que pregava que uma pessoa deve ter o poder absoluto (judicial, legislativo e religioso). Até então a igreja era muito poderosa, Portugal passou então a pregar três medidas. O Despotismo Esclarecido, ou seja acreditava-se no direito divino do rei; o Regalismo onde o chefe do estado podia interferir em assuntos internos da igreja e o Beneplácito Régio onde a igreja tinha que contar com a aprovação do monarca. Era o Marquês de Pombal o representante do Despotismo Esclarecido e o ministro do reino de Portugal.

O Marquês realizou a conhecida “Reforma Pombalina” que tinha como intenção transformar Portugal numa metrópole capitalista, assim como outros países europeus já capitalizados. A escravidão dos índios foi extinta e eles até poderiam se casar com portugueses. A ideia de Pombal ao permitir isso, era a de que os índios se miscigenassem, houvesse um crescimento populacional e então o Estado contasse com mais força nas fronteiras do interior.

Quando os índios passaram a ser livres, isso chocou-se contra os jesuítas, que não deixavam que a autoridade real interferisse nos assuntos deles. Marquês de Pombal que queria realizar uma reforma e aproveitar e centralizar o poder, expulsou os 670 jesuítas que aqui moravam e mandou fechar os colégios. Eles foram acusados de traição, o Padre Gabriel Malagrida foi queimado em praça pública e o restante embarcou para Lisboa aonde foram presos.

Quando rei de Portugal D. José I morreu e foi substituído por D. Maria I, Pombal foi condenado e só não foi executado devido a sua idade avançada, ele contava com 78 anos.

Fontes:

http://books.google.com/books?id=vxatL5Q2mVQC&pg=PA35&dq=expulsao+dos+jesuitas+do+brasil&hl=pt-br&ei=deC-TO-_

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A proibição da escravidão de índios

Em 1680, com grande influência do padre Antônio Vieira, era outorgada no Estado do
Maranhão e Grão Pará uma lei que proibia a escravização dos índios na região, mesmo que fosse por meio de resgate ou guerra justa . Segundo Karl Arenz (2007: 91), essa lei, que estipulava uma liberdade tutelada sobre os indígenas, fora criada visando incrementar a atividade produtiva do Estado, ainda incipiente segundo as expectativas da Coroa e dos moradores que constantemente enviavam cartas ao rei solicitando a entrada de mão-de-obra escrava negra. Nesse sentido, na mesma data fora outorgada uma carta que estipulava duas frentes de arregimentação e inserção de mão-de-obra na região, a inserção de escravos negros e o incentivo à prática de descimentos e repartição da mão-de-obra indígena. Segundo o rei:
“tenho ordenado a condução dos negros da Costa da Guiné que todos os anos hão
de ir ao mesmo Estado com a maior comodidade dos moradores dele que se pode
ajustar, assim também convém não somente conservar os índios livres que de
presente se acham nas aldeias, mas procurar aumenta-los descendo outros do
sertão para que sirvam o mesmo Estado”. (1º abr. 1680, ABN: 51-56)
Buscou-se, então, paulatinamente inserir escravos africanos no Estado que
substituiriam a mão-de-obra indígena cativa. No entanto, a tentativa de criação de uma Companhia de Comércio e de abastecer os moradores de trabalhadores africanos fora
malograda. Os colonos não tinham condições de pagar os altos preços dos escravos africanos (ARENZ, 2007: 98), que chegavam a ser 50 vezes mais caros do que um escravo indígena resgatado (28 abr. 1688, ABN: 97-101; 29 jan. 1703, ABN: 235-236).
Diante deste quadro de instabilidade, da falta de trabalhadores cativos indígenas e
africanos, da sensação de que as demandas dos moradores nunca eram ouvidas pela Coroa e de que os religiosos seculares tinham um poder quase que absoluto na região, engendrou-se, em 1684 na cidade de São Luís, a intitulada Revolta de Beckman (Bombardi, F. A.)

domingo, 29 de janeiro de 2012

A REVOLTA DE CINADON


A REVOLTA DE CINADON
Em cerca de 396 a.C. , uma grande revolta envolvendo os segmentos sociais inferiores de Esparta foi abortada. Conhecida pelos historiadores como “Revolta de Cinadon”, ela tinha como objetivo tomar o poder político das mãos dos esparciatas, que eram o grupo dominante daquela sociedade, e pôr fim a centenas de anos de exploração e exclusão política a que estava submetida grande parte da população da Lacedemônia.
Desde que tinham estendido o poder à região da Messênia, em cerca de 720, os esparciatas conseguiram garantir para si um regime agrário que os conduzisse a uma auto-suficiência em termos de alimentos. As regiões da Lacônia e da Messênia dominadas por eles constituíam juntas cerca de 250 mil hectares de terras extremamente férteis.
Essas terras eram trabalhadas por uma enorme população de “escravos”, chamados hilotas, e que aparentemente eram propriedade do Estado e não de indivíduos. Os hilotas tinham que dar uma porcentagem fixa da colheita para os esparciatas (Tyrteu. Frag, 5), restando-lhes a parte excedente. Esses escravos agrícolas não podiam deixar a terra para participar de outros ofícios, pelo menos sem a aquiescência dos espartanos. Nesse regime agrário, os hilotas teriam que se especializar no trato com a terra para que pudessem sobreviver da porcentagem que lhes cabiam. Era, por mais contraditório que pudesse ter sido, um estímulo à sua especialização enquanto agricultores, já que suas vidas dependiam diretamente da boa produtividade das colheitas.
Muitos hilotas porém, não estavam presos à terra. Alguns deles trabalhavam em construções de templos, nas casas dos espartanos, no auxílio aos soldados do exército e na cozinha pública que preparava e servia repastos para os esparciatas. Alguns desses ofícios ministrados pelos hilotas, tais como as atividades de cozinheiro, arauto e adivinho, eram passadas às gerações seguintes pelas gerações anteriores, o que criava uma espécie de especialização familiar secularizada (Herôdotos VI 60).
Outro grupo social subordinado era o dos periecos. Eram homens livres, porém não eram cidadãos. Viviam em pequenas comunidades da Lacônia e da Messênia, das quais conhecemos o nome de cerca de cem no período Clássico. Nessas comunidades, eles tinham autonomia política local. Os periecos eram convocados constantemente para participarem do exército e lutavam por vezes separados por vezes lado a lado com os esparciatas.
Os periecos eram, em sua grande maioria, artesãos, pequenos proprietários de terras pouco férteis e comerciantes. Eles levavam o produto de suas colheitas assim como os objetos que produziam para a Agorá ou para os portos para serem transacionados no interior da própria Esparta ou com outras póleis. Os artesãos periecos tinham ótima fama. Até onde sabemos, eram eles que construíam móveis, cantis, mantos, sapatos, vasos de cerâmica e embarcações . Eram-lhes permitido o uso de moeda cunhada, o que fazia com que alguns chegassem a enriquecer.
Um terceiro grupo social subordinado era o dos Hippomeiones. Eram espartanos que haviam perdido sua condição de cidadãos, saindo do grupo dos esparciatas e caindo de status social. Em geral, isso se dava por terem empobrecido, ficando impedidos de pagar o tributo anual para os repastos públicos. O número de Hippomeiones cresceu sobremaneira no final do V e início do IV século e Cinadon era um deles . Eles serviam no exército e eram mandados pelos éforos em missões secretas do Governo (Xenofonte, Hellenicas III 3 9).
Um outro grupo social que participou da tentativa de revolta foi o dos Neodamodeis. Ao contrário do que o nome parece indicar, os neodamodeis eram ex-hilotas que tinham servido no exército. Como prêmio por suas atividades, ao voltarem eles teriam subido de status, não ficando mais em estado de escravidão tão rígida. A primeira vez que eles apareceram nos textos foi no contexto da Guerra do Peloponeso, em 425, quando começaram a servir no exército (Tucídides V 34) . Os esparciatas, por vezes, podiam dar-lhes pequenos lotes de terras em locais determinados, onde trabalhariam como agricultores. Os neodamodeis, dessa forma, continuariam em relação de dependência para com os espaciatas.

A revolta planejada por Cinadon envolvia pessoas de todos esses grupos sociais. Em geral, eles tinham muito pouco apreço pelos esparciatas. Segundo o próprio Cinadon, a vontade que esses grupos sociais tinham em relação aos esparciatas era de “comê-los crus” (Xenofonte, Hellenicas III 3 6).
A desvantagem numérica dos esparciatas em relação aos demais grupos sociais era muito grande. Por volta da época de Cinadon, de uma população de quatro mil pessoas que estavam na Agorá, apenas setenta seriam esparciatas (Xenofonte, Hellenicas III 3 4). Nos campos, em cada fazenda haveria um espartano para outros tantos inimigos (Xenofonte, Hellenicas III 3 7).
Esse ódio latente em relação aos esparciatas tinha várias razões históricas. Em primeiro lugar, poderíamos citar as próprias condições materiais de existência dos grupos subordinados, que, em sua grande maioria, operavam no limite da subsistência. Essa insatisfação constante dos subordinados pode ser explicada também pala insistência com a qual os ricos espartanos tentaram implementar o ideal oligárquico da auto-suficiência agrária, bloqueando as atividades comerciais e artesanais em uma sociedade extremamente desigual em todos os aspectos. Estas atividades, se estimuladas, poderiam funcionar como uma válvula de escape para grupos sociais oprimidos economicamente.
A nível simbólico, os esparciatas não escondiam de ninguém o seu desprezo pelos grupos sociais subordinados. Isso se torna evidente quando nos debruçamos sobre os costumes. Os funerais dos espartanos eram diferenciados em relação aos demais grupos (Herôdotos, IX 85), com enterramentos pomposos de guerreiros e de reis mortos contrastando com as covas rasas nas quais hilotas e periecos eram enterrados. Além disso, havia várias festividades nas quais o acesso aos não-cidadãos era proibido, principalmente em festas onde a redistribuição de comida era farta. Nas sissítias, espécie de mesas públicas onde os cidadãos eram obrigados a fazerem suas refeições, os hilotas eram levados bêbados para divertirem os espartanos, servindo também como exemplo para mostrarem aos jovens o mal que o excesso de bebida podia provocar.
Na Kriptéia, os hilotas eram assassinados por jovens espartanos que saíam à sua caça. A prática era feita à noite e tem sido associada à rituais de iniciação de jovens que haviam chegado à idade adulta (Plutarco, Vida de Licurgo 28).
Aliado a isso, o desprezo aberto com que os espartanos tratavam aqueles que faziam os ofícios, o comércio e a agricultura eram manifestados abertamente à nível discursivo Plutarco nos conta que o rei Agesilaos, tendo reunido todo o exército espartano e aliado, pediu a todos para sentarem-se. Mandou, então, que cada soldado que exercesse um ofício se levantasse. Somente os esparciatas teriam ficado sentados, o que serviu para Agesilaos demonstrar que os espartanos eram os únicos soldados profissionais ali presentes (Plutarco, Vida de Agesilaos 26).