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ESPARTA

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

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Por Michel Aires de Souza
Em seu texto de 1920, “O mal-estar na civilização”, Freud  chegou a conclusão que o indivíduo não pode ser feliz na civilização moderna. Mesmo com todo progresso técnico e cientifico o homem não se tornou mais feliz. Ao refletir sobre o propósito da vida, ele diagnosticou que o objetivo da civilização não é a felicidade, mas é a renúncia a ela.    A vida do indivíduo é a busca constante pela realização da satisfação do prazer, mas esta  satisfação é impossível de realizar num mundo carente e escasso de recursos.  O mundo é hostil as necessidades humanas, para tudo que é bom e prazeroso exigem-se trabalhos penosos e sofrimentos.  A manutenção da  civilização exige que os individuos trabalhem. Mas os homens não são amantes do trabalho e os argumentos não tem valia nenhuma contra suas paixões.  Assim, é somente através da repressão social que os indivíduos são obrigados a trabalhar.  
        Na teoria da cultura freudiana, a sexualidade é a pedra fundamental na manutenção e reprodução da civilização. A civilização só pode existir porque os impulsos sexuais são canalizados para o trabalho, gerando todos os bens materiais e intelectuais da civilização.  “A civilização está obedecendo às leis da necessidade econômica, visto que uma grande quantidade de energia psíquica que ela utiliza para seus próprios fins tem de ser retirada da sexualidade” (FREUD, 1969, p. 125). Em conseqüência disso, Freud atribuiu as doenças psíquicas de sua época a grande repressão que a civilização exerce sobre os impulsos sexuais. Essa insatisfação foi exigida num grau muito superior que o necessário. O processo civilizatório é marcado pela renúncia e pelo sentimento de insatisfação que os homens experimentam vivendo em sociedade.  O resultado disso é o mal-estar na civilização. Este mal-estar é produzido pelo conflito irreconciliável entre as exigências pulsionais e as restrições da civilização.    
        Hoje em pleno século XXI podemos dizer que nossa época melhorou muito. A vida tornou-se um pouco mais digna; as taxas de crescimento da natalidade e o aumento da expectativa de vida demonstram a melhoria. A saúde e o saneamento básico já atingem a grande maioria da população mundial. O analfabetismo já não é um problema grave dos países subdesenvolvidos.  Há uma maior tolerância à liberdade sexual.  A população de hoje usufrui mais e melhor dos bens culturais. No entanto, o mal estar na civilização não desapareceu.  Em nossa época, o mal-estar assume novas formas, ela estaria mais associada às condições econômicas e sociais que os indivíduos experimentam no mundo moderno. Nós, filhos da modernidade, somos espectadores de uma experiência que melhor se conceitua como fome, miséria, barbárie, guerras, desemprego, instabilidade econômica e social.  Todos esses fatores geram a insegurança social no indivíduo e conseqüentemente são responsáveis pelas doenças psíquicas de nossa época.  No atual estágio de nossa civilização não sabemos se nossas perspectivas serão realizadas. O mundo se torna cada vez mais racionalizado e o trabalho se torna cada vez mais dispensável.  A racionalidade técnica cria cada vez mais domínio de objetos e instrumentos que acabam por mecanizar todas as estruturas sociais.   O homem entendido como homo faber* está perdendo sua importância. Nós vivemos uma época de desemprego estrutural (desemprego causado pela mecanização das estruturas sócias). Esse desemprego atinge todos os países e torna inexorável o fim da sociedade do trabalho. O homem tem se tornado uma peça inútil na estrutura dos meios de produção. A possibilidade de uma mecanização completa em todas as esferas da vida social é uma possibilidade histórica. Esse fato deve abalar o narcisismo do homem.  O indivíduo se vê sem ocupação e sem perspectivas. Ele perde sua identidade na medida em que perde sua ocupação. Ele torna-se um indivíduo à margem, mais um na massa de desempregados. É este mal-estar na civilização, que surge da preocupação, do medo e da insegurança que procuramos diagnosticar. 
        Na época de Freud, o puritanismo, os tabus e a enorme rigidez contra os impulsos sexuais poderiam dar razões para se afirmar que o mal-estar surgisse das restrições à vida sexual. Contudo, vivemos em uma época onde a liberdade sexual é tolerada e até mesmo incentivada.  A sexualidade perdeu sua importância como fator preponderante nas crises de ansiedade e de neuroses.  No atual estágio do progresso humano, as restrições à sexualidade tornaram-se desnecessárias. Com o desenvolvimento técnico e cientifico, o uso das pulsões sexuais na criação dos bens culturais perdeu sua importância. O homem já não precisa mais sacrificar sua sexualidade em nome do progresso. Hoje a racionalidade atingiu todas as esferas da vida social. O progresso técnico atingiu tal amplitude que já não é mais necessário desviar as pulsões sexuais para o trabalho competitivo. Em um futuro próximo, não será mais preciso o uso das forças humanas na produção e reprodução dos bens culturais. As pulsões estariam livres da repressão imposta pelo trabalho social. Dessa forma, o mal-estar do indivíduo na civilização já não surge mais da insatisfação libidinal. Já não é mais de uma tensão física, sexual, que causa a ansiedade, mas é uma tensão psíquica, causada pela preocupação, pelo medo e pela insegurança causada por condições econômicas e sociais. Os estímulos externos causam todo tipo desajuste psíquico.  É comum a experiência da melancolia, da depressão, do desânimo, do desinteresse pela vida, da baixa auto-estima e da sensação de inutilidade.  As doenças que eram menos comuns na época de Freud se tornaram grandes problemas para psicólogos e psiquiatras, são os traumas de roubos e de seqüestros, a síndrome do pânico, a compulsão de consumo, a síndrome de perseguição, a misantropia e a depressão. Todas essas doenças são acompanhadas de crises de ansiedade. São doenças típicas de nossa época e que estão associadas ao mal-estar na civilização.                      
             Segundo Mezan, “na época de Freud a sociedade era mais rigidamente patriarcal e com valores claramente identificáveis, nossa época tornou-se mais relativista e fragmentária. Os ritmos de mudança na sociedade contemporânea se tornaram alucinantes, deixando os indivíduos desorientados e pressionados pelas exigências do dia-a-dia”. (MEZAN, 2000, p. 208). Se na época de Freud os valores eram bem estabelecidos, em nossa época não há mais valores ou rumos pré-estabelecidos a serem seguidos. A família como formadora da individualidade se fragmentou. Os laços familiares se tornaram frágeis por causa das exigências do mundo exterior. A família não constitui mais um núcleo fixo de produção da subjetividade. Todos os indivíduos devem trabalhar se querem viver. A criança não tem mais o convívio do pai. O pai deixou de ser um parâmetro ou modelo a ser seguido. Não há mais parâmetros ou padrões definidos A Tv, a escola e as instituições sociais ensinam os modelos,  as formas de ser, de pensar, de agir e de valorizar. O indivíduo moderno está desamparado e desorientado. Seu modelo é o patrão, o playboy rico, o traficante do bairro ou o artista de novela.  O distanciamento da autoridade paterna causou ao indivíduo o desnorteamento e a insegurança frente ao mundo exterior.        
         O mal-estar na civilização é a condição existencial do homem moderno, é o destino que todos temos de compartilhar. O simples fato de o indivíduo viver no mundo contemporâneo já é o requisito para se viver ansioso. A sociedade industrial, a competitividade, o consumo desenfreado, o desemprego, a violência, a dinâmica das transformações sociais e dos valores, a adaptação do indivíduo às exigências da vida são os principais fatores que produzem o mal-estar na civilização. 
Bibliografia
FREUD, S. O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro, Imago,   Edições Standard, Tomo  XXI ,1969.
 MEZAN, Renato . O Mal-Estar na Modernidade. Revista Veja, São Paulo, p. 68 – 70, 26 dez. 2000.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE

Ele negava radicalmente que existissem idéias inatas, tese defendida por Descartes. Quando se nasce, argumentava, a mente é uma página em branco (tabula rasa) que a experiência vai preenchendo. O conhecimento produz-se em duas etapas: a) a da sensação, proporcionada pelos sentidos, e b) a da reflexão, que sistematiza o resultado das sensações. Na educação, compilou uma série de preceitos sobre aprendizado e desenvolvimento, com base em sua experiência de médico e preceptor, que teve grande repercussão nas classes emergentes de seu tempo. 

A grande e duradoura importância de Locke para a história do pensamento está no entrecruzamento de suas áreas de estudo (Filosofia, Política, Educação). Assim, a defesa da liberdade individual, que ocupa lugar central na doutrina política lockiana, encontra correspondência na prioridade que ele confere, no campo da educação, ao desenvolvimento de um pensamento próprio pela criança. 

Suas investigações sobre o conhecimento o levaram a conceber um aprendizado coerente com sua mais famosa afirmação: a mente humana é tabula rasa, expressão latina análoga à idéia de uma tela em branco. 
Ao negar o inatismo, contrariava o legado do filósofo mais influente da época, o francês René Descartes (1596-1650) - e o princípio de que todas as idéias nascem da experiência, estabelecendo na ciência moderna, o empirismo. A educação ganhava, desse modo, importância incontornável na formação da criança, uma vez que, sozinha, ela se encontra desprovida de matéria-prima para o raciocínio e sem orientação para adquiri-lo, estando fadada ao egocentrismo e à ignorância moral. 

Apesar do valor que dava à racionalidade, Locke era cético quanto ao alcance da compreensão da mente. O objetivo de sua obra principal foi tentar determinar quais são os mecanismos e os limites da capacidade de apreensão do mundo pelo homem. Segundo o filósofo, como todo conhecimento advém, em última instância, dos sentidos, só se pode captar as coisas e os fenômenos em sua superfície, sendo impossível chegar a suas causas primordiais. Do material fornecido pelos sentidos nasceriam as idéias simples que, combinadas, formariam as mais complexas. O conhecimento não passaria de "concordância ou discordância entre as idéias". 
Ensaio sobre o
Entendimento Humano

Para Locke, as crianças não são dotadas de motivação natural para o aprendizado. É necessário oferecer o conhecimento a elas de modo convidativo - mediante jogos, por exemplo. E, embora desse primazia teórica às sensações, não via nelas função didática: educar com prêmios e punições (para provocar prazer e mal-estar) seria manter os pequenos no estágio mais primário do entendimento humano. Levá-los a pensar faria com que rompessem a dependência dos sentidos. Embora não descartasse a possibilidade de castigos, inclusive corporais, Locke afirmava que seu uso poderia fazer com que as crianças se tornassem adultos frágeis e medrosos. 

No livro Alguns Pensamentos Referentes à Educação, Locke afirma que "é possível levar, facilmente, a alma das crianças numa ou noutra direção, como a água". Formar um aluno, sob o aspecto intelectual ou moral, seria exclusivamente um resultado do trabalho das pessoas que os educam - pais e professores, a quem caberia sobretudo dar o exemplo de como pensar e se comportar, treinando a criança para agir adequadamente. O aprendizado deveria ser feito por meio de atividades. A idéia era que a criança, pelo hábito, acabaria por entender o que está fazendo. Para Locke, a educação ideal seria promovida em casa, por um preceptor, papel que ele próprio desempenhou para os filhos de alguns amigos. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012


Abelardo (c.1079-1142) foi a primeira figura do intelectual moderno e também foi
um renomado professor de lógica e teologia. Sua reputação não era restrita somente a
Paris, mas foi nessa cidade que fez sua fama e também sua desgraça, como ele argumentou
na autobiografia, ao narrar os eventos que sucederam ao seu envolvimento com Heloísa
(c.1001-1163), sobrinha do cônego Fulbert, cuja beleza e a formação cultural tornavam-na
uma mulher excepcional.
A relação entre os dois se faz por meio de controvérsias em torno da situação do
filósofo e do tonsurado, cuja condição matrimonial era mal quista para o desenvolvimento
dessas funções. Então qual a conexão entre esse sacramento e a situação de mestre de
Abelardo e mais, qual a correlação entre esse casamento e o relacionamento pessoal do
casal?
Como não poderia deixar de ser, Heloísa e Abelardo também sofreram as
consequências dessa moralidade ideal. Desejo ou amor. . Vida conjugal ou
vida religiosa. Quase um ser ou não ser da consciência da época medieval. Ou melhor, não
havia a escolha do não ser. Ou se renunciava aos prazeres do século ou se destinava à
danação eterna. Pelo menos para Abelardo. Este protagonizava de forma vívida a
articulação moral travada entre o carnal e o espiritual. Professando a filosofia e a teologia,
conviveu com os perigos mundanos que a cidade oferecia. Resistiu, mas não por muito
tempo. Deparou-se com Heloísa. Nobre, bela, jovem e letrada. Quantos atrativos
convidativos para a prática do “mal”. A partir daí, não foi a razão que os governou, mas a
paixão, o desejo, a carne. Até que Abelardo sofresse na pele as consequências dos seus atos
e a partir daí sua história com Heloísa tomasse outro rumo, 

A transferência da corte portuguesa para o Brasil


VINDA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL
No início do século XIX Napoleão Bonaparte era imperador da França, após a fase revolucionária que depôs e levou para guilhotina Robespierre. Napoleão proibiu todos os países europeus de comercializar com os ingleses. Foi o chamado Bloqueio Continental.  Portugal era governado pelo príncipe  Dom João e comol era  aliado da Inglaterra, Dom João ficou numa situação  difícil: se fizesse o que Napoleão queria, os ingleses invadiriam o Brasil, pois estavam muito interessados no comércio brasileiro; se não o fizesse, os franceses invadiriam Portugal.
A solução que Dom João encontrou, com a ajuda dos aliados ingleses, foi transferir a corte portuguesa para o Brasil. Em novembro de 1807, Dom João  e sua corte partiram para o Brasil sob a escolta da esquadra inglesa. 15 mil pessoas vieram para o Brasil em quatorze navios .  Ainda em Salvador Dom João abriu assinou os tratados que implantavam as bases do liberalismo econômicos: a abertura dos portos do Brasil aos países “amigos”, permitindo que navios estrangeiros comerciassem  nos portos brasileiros. Essa medida favoreceu principalmente a Inglaterra.
 Várias transformações marcaram o cenário político-social da colônia entre elas o Decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas, crescimento populacional devido ao grande número de nobres e funcionários da corte portuguesa e a criação do Banco do Brasil .

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Felipe Patroni e imprensa Liberal no Pará

A história da imprensa na Cabanagem ,embora a primeira circulação de um jornal impresso no Brasil tenha ocorrido em 1808, no Pará o primeiro periódico só ocorre em 1821.
O contexto era o Vintismo no Grão Pará, ou seja, a expansão das idéias liberais na província do Pará que foi reflexo da Revolução do Porto, em Portugal, que exigia o retorno da Corte, que se encontrava no Rio de Janeiro desde 1808. O Movimento em Portugal tinha a finalidade de regenerar a pátria portuguesa que se encontrava fortemente influenciada pela Constituição Espanhola; estabelecer uma Monarquia constitucional, aos moldes do liberalismo; e restaurar, por conta dos interesses da burguesia comercial metropolitana, a exclusividade comercial com o Brasil, que em 1815 havia sido elevado à comercial metropolitana, a exclusividade comercial com o Brasil, que em 1815 havia sido elevado à comercial metropolitana, a exclusividade comercial com o Brasil, que em 1815 havia sido elevado à condição de Reino Unido.
“O comércio entre o Pará e Portugal havia progredido, subindo sempre nos últimos decênios do século passado e nos primeiros deste; mas, depois que o Rei de Portugal se instalou no Rio de Janeiro e prometeu liberdade dos portos, passou grande parte desse comércio para Inglaterra, o que ficou provado pela grande afluência de navios ingleses no porto brasileiro”. (Vicente Salles – Memorial da Cabanagem, 1992).
A partir disso, em janeiro de 1821, surge aos moldes do “Correio Braziliense”, a “Gazeta do Pará” que era organizada e publicada em Lisboa. Este jornal valorizava as notícias da corte portuguesa e, não apresentava características de periódico por se configurar enquanto documento impresso que visava divulgar os eventos relativo à proclamação da ordem constitucional metropolitana na então Capitania do Pará (...), a “Gazeta do Pará” era o instrumento de Felipe Patroni de tornar público a importância de uma constituição para o Estado e seus cidadãos.
“Severa crítica à administração dos negócios públicos, esforçando – se por desenvolver certas políticas entre seus contemporâneos, opiniões por certo favoráveis ao regime livre dos povos, mas de alguma forma ameaçadoras do sistema até então seguido pelos agentes do poder”. (Vicente Salles – Memorial da Cabanagem, 1992).
Um ano depois é criado o jornal “O Paraense” que tem sua primeira edição publicada em 22 de maio de 1822. Ele foi impresso numa máquina trazida da Europa por Felipe Patroni, Daniel Garção de Melo entre outros sócios. A linha editorial de “O Paraense” foi marcada pela luta em prol da liberdade (incluindo a liberdade de imprensa) e Independência do Brasil, sendo esta última fortemente evidenciada no período em que assume a direção do jornal o Cônego Batista Campos. Com a adesão da então Província do Pará à Independência do Brasil, em 1823, o jornal deixa de existir.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vídeo sobre a educação jesuitica e a reforma pombalina

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A EFEBIA ATENIENSE
O termo efebia vem de éfêbos, "jovem", "efebo". A instituição é introduzida em Atenas no último terço do século IV a.C. após a derrota de Queronéia. A efebia de Atenas começa a funcionar regularmente a partir de 334-333 a.C. e é detalhadamente analisada por Aristóteles na sua "Constituição de Atenas".
A efebia ática se assemelha ao nosso serviço militar obrigatório. Os demos (= distritos) fazem as listas dos jovens cidadãos que chegam aos 16 anos, que são alistados e cumprem dois anos de serviço: o primeiro nas casernas do Pireu, onde recebem educação física e militar; o segundo é empregado em manobras de campanha, guarda nos postos de fronteira e funções de milícia. Sustentados pelo Estado - recebem 4 óbolos por dia - os efebos usam roupa característica: oo pétaso - um chapéu de abas largas - e um manto negro. Aos 18 anos o jovem ateniense atinge a maioridade civil.

Mas a efebia ateniense não é apenas uma instrução militar: é uma iniciação cívica, moral e religiosa aos deveres e direitos do cidadão. É toda ela marcada pela ideologia da pólis. O curioso é que Atenas reage à sua desintegração quando não há mais conserto: a partir de 300 a.C. mais ou menos, a efebia perde o seu sentido militar, transformando-se em uma agremiação escolar onde se ensina a literatura e a filosofia. Observa H.-I. Marrou: "Ela não desaparecerá, mas, por uma evolução paradoxal, esta instituição, concebida para ser posta a serviço do exército e da democracia, transformou-se, nessa Atenas nova onde triunfa a aristocracia, num pacífico colégio em que uma minoria de jovens ricos vem iniciar-se nos refinamentos da vida elegante".

Entretanto, na época helenística pode-se ver a efebia espalhada em mais de uma centena de cidades. E aí também, como em Atenas, a efebia é mais aristocrática do que cívica, mais esportiva do que militar. O que os gregos das colônias querem é que seus filhos sejam iniciados na vida grega e no gosto pelos exercícios atléticos, fator cultural que imediatamente diferencia um grego de um bárbaro.